A ciência e a tecnologia avançam a passos largos, por um lado. Mas a ação humana sem compromisso ético e moral produz retrocessos, por outro.
Para a tristeza de quem estuda e se especializa de maneira séria, obtém as devidas credenciais e qualificações como especialista, colocando em primeiro lugar o respeito pela saúde e a segurança do paciente, temos assistido uma verdadeira invasão de aventureiros no campo dos procedimentos estéticos.
Compram-se máquinas, equipamentos, montam-se “centros de tratamento”, lançam mão de produtos de uso profissional e lançam-se no mercado com anúncios apelativos e sedutores para o público leigo…
Mas sem a formação médica básica e sem a devida especialização e titulação em Dermatologia, o que se oferece na prática, nesses casos, é nada mais, nada menos, que um serviço temerário. Irresponsável mesmo!
Diversos procedimentos feitos por nós, especialistas, podem parecer “simples”, tranquilos e sem riscos para o paciente. Mas só o são de fato porque conhecemos muito bem as estruturas da pele e a sua fisiologia – assim como a de todo o organismo.
Sabemos diagnosticar com precisão, levar em conta variáveis importantes do histórico clínico e características específicas de cada paciente, além de estarmos atentos a sintomas e sinalizadores sobre o quadro geral de saúde daqueles que atendemos.
Em Medicina, tudo faz diferença. A pele é o maior e mais exposto órgão do corpo humano. Ela não é uma estrutura dissociada dele. Antes, pelo contrário: a pele influencia e sofre influências diretas daquilo que se passa em nossos órgãos e sistemas internos.
Além disso, uma base sólida de conhecimento sobre Química e Física, adquirida em anos de estudos, duras provas e sistemas de avaliações, além de constantes treinamentos e aprimoramentos profissionais, são indispensáveis na hora de realizar procedimentos com produtos farmacêuticos e aparelhos estéticos.
A mesma luz que cura pode causar lesões. A mesma substância que estimula reações benéficas pode ser bastante nociva, se usada de forma errada.
RISCOS
Muitas vezes, esses tratamentos charlatões são simplesmente inócuos. Ou seja, a pessoa (pensa que) paga “barato”, mas simplesmente não leva o resultado prometido. Nesse ponto, o paciente sai lesado “apenas” enquanto consumidor – o que já é muito grave!
Mas os riscos das coisas serem ainda piores são reais. Complicações sérias podem surgir. E surgem.
Cada dia tem sido mais frequente na mídia as notícias sobre problemas oriundos de tratamentos estéticos e, quando vamos investigar mais a fundo, a ampla maioria dos casos envolve procedimentos realizados por pessoas sem a devida qualificação.
- No início deste mês, veio a público o caso de uma empresária que sofreu queimaduras de terceiro grau após realizar um peeling químico em uma clínica de Cascavel, no interior paulista. Segundo consta, o procedimento teria sido conduzido por um farmacêutico que se fazia passar por médico (veja a notícia aqui);
- Em Cuiabá, uma paciente também sofreu sérias queimaduras ao aceitar fazer um tratamento para gordura localizada (criolipólise) em um salão de beleza (leia aqui);
- Há dois anos, o caso da modelo Andressa Urach ganhou as páginas dos jornais, após a aplicação excessiva de hidrogel para engrossar as pernas, que gerou sérias complicações e quase a levou à morte (relembre o caso).
Muito ainda pode e deve ser feito para regular melhor o setor. Normas de conduta ajustadas aos avanços tecnológicos e fiscalização mais atenta por parte das autoridades são fundamentais.
Mas, acima de tudo, a firmeza do paciente para dizer NÃO aos aventureiros é que irá fazer toda a diferença para mudar esse quadro. Escolher um médico dermatologista de confiança, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) é, hoje, algo fácil e acessível para todos.