Eis que chega 2018 e eu venho com um “segredinho” para contar para vocês: tudo aquilo que falamos no âmbito da “Campanha Dezembro Laranja” continua valendo para janeiro, fevereiro, março…
É isso aí, vou insistir na tecla, sim. Até porque, quando o tema é conscientização em saúde, não podemos baixar a guarda. Se dormimos no ponto, para cada pequeno passo adiante, voltamos duas ou três casas.
Após tantos anos de campanhas e, mais recentemente, das grandes mobilizações promovidas pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) sobre os efeitos cumulativos da radiação solar, eu confesso que estava convencida de que pele tostada e marcas de queimadura eram modas que haviam ficado nos longínquos verões dos anos 1980.
Mas aí um belo dia a gente acorda e fica sabendo que a modinha do biquíni de fita isolante (hãn?) está bombando. Pior: a notícia é de que há quem pague (sério?!) para tomar sol em horários impróprios, de forma prolongada (por até 3h contínuas), usando produtos de origem nada segura para potencializar o bronzeado. Tudo para ficar com a dita marquinha “perfeita” da adesivação de fita isolante sobre a pele. Daí pipocam notinhas informando que celebridades já aderiram à prática e o assunto bomba de vez após a veiculação do novo clipe da cantora Anitta.
Quem acompanha meus posts por aqui sabe que sou uma defensora das atividades ao ar livre e estou sempre lembrando dos benefícios do sol para a saúde. Mas essa modinha que surge neste verão é caso de alerta, gente! É tudo tão surreal, uma sucessão de tanta coisa errada, tantos exemplos do que NÃO fazer pelo bem da saúde da pele a curto, médio e longo prazos, que aí a gente tem que se posicionar de forma radical.
No passado, já tivemos muitos casos graves em pronto-atendimento devido ao uso inadvertido de substâncias como refrigerantes a base de cola, urucum e até margarina para as pessoas se bronzearem. Havia sempre inúmeros casos graves dando entrada, e muitos foram fatais. Com o tempo, a imprudência foi dando lugar à consciência sobre os riscos imediatos e essas situações foram se tornando raras.
Entretanto, até hoje nos nossos consultórios atendemos pacientes que, se pudessem voltar atrás, dariam tudo para encarar o sol com mais moderação e de forma mais inteligente. São pessoas que enfrentam o envelhecimento precoce, diversos tipos de manchas (como o melasma e a sarda branca), além de diversos tipos de lesões – muitas vezes, malignas.
Em pleno Século XXI, com a Internet aí, tantas comprovações científicas e tantas campanhas de conscientização parece um pesadelo que realmente haja muita gente por aí que disposta a ignorar os riscos de insolação e de queimaduras graves. Isso sem falar nos efeitos de longo prazo da falta de proteção adequada!
Às sociedades médicas e de Saúde de uma forma geral, assim como à mídia, cabe um posicionamento incisivo e ostensivo a respeito desse tema. Essa é a minha expectativa para esse ano que se inicia. Afinal, o preço de determinadas modinhas é muito alto para a saúde pública! No caso da radiação solar não estamos falando só de agora, estamos falando de problemas que vão surgir nas próximas décadas. Insistir na conscientização é papel de todos nós!
ALGUMAS QUESTÕES RELEVANTES SOBRE BRONZEAMENTO
– Com o filtro solar aplicado, a exposição direta em um banho de sol só deve ser feita no horário de menor radiação ultravioleta (ANTES das 10h e APÓS as 16h), por um período máximo de 15 minutos;
– O uso do filtro NÃO é garantia de bloqueio à radiação. Por isso, as barreiras físicas de fotoproteção também são essenciais para evitar os malefícios do sol. Chapéus, óculos, sombrinhas e, quando possível, até roupas com fator de proteção solar, fazem sim a diferença para a proteção da pele;
– Durante a exposição solar devemos ter cuidado redobrado com qualquer substância que entra em contato com a pele. Sob os raios solares, muitas podem causar queimaduras graves. Por isso, só devemos aplicar no corpo produtos certificados pelas autoridades de saúde, no caso do Brasil, esse órgão é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);
– Vale lembrar ainda que fita isolante NÃO é um produto feito para uso humano e que esse tipo de material aplicado sobre a pele também pode ser nocivo.